quarta-feira, 2 de maio de 2012

Baixonatural Entrevista: Thiago Espírito Santo

Por Ariel Andrade


Desde as nossas primeiras entrevistas, o nome desse cara é absoluto nos pedidos de nossos seguidores e leitores - Thiago Espírito Santo. Ao conhecer alguns baixistas americanos de muito respeito como Todd Johnson e Jim Stinnet, me surpreendi com tanto respeito destes perante Thiago, e percebi que assim como no Brasil ele é considerado um dos melhores em nosso amado instrumento. Referência do Jazz de seus projetos solo/instrumental ao Pop Alternativo no Main Stream do Teatro Mágico, Thiago Espírito Santo sem dúvidas nenhuma é de longe um dos caras que vem  trazendo o baixo um passo a frente na história. E com muito prazer tive a honra de entrevistar ele pra você aqui no Baixonatural.com, confira:
- Nos fale um pouco da sua história, como foi o seu começo e quando que decidiu ser profissional, vivendo do baixo.
Eu venho de uma família de músicos, sou filho do Arismar do Espirito Santo (multi-instrumentista) e Silvia Goes (pianista). Cresci num ambiente extremamente musical, que me proporcionou o convívio com grandes músicos. Assisti muitos ensaios, shows, gravações, e essas experiências me influenciaram para me tornar um músico. Desde cedo eu brincava com os instrumentos que tinha em casa (bateria, baixo, violão e piano), mas tomei a decisão de me tornar um baixista aos 13 anos. Eu estudava bastante, tocava o dia todo para aprimorar a minha técnica e meus conhecimentos em escalas, harmonia e ritmos. Tive o meu primeiro trio de música instrumental com 15 anos de idade, tocávamos 3 vezes por semana e a partir daí comecei a atuar profissionalmente. Além disso toquei por muitos anos pop, MPB e forró na noite de SP, e com o passar dos anos as pessoas foram me conhecendo e os convites para trabalhos maiores foram surgindo.

- Como é ser filho de uma lenda do baixo? E como isso influenciou a sua formação e até mesmo sua técnica?
É uma honra ser filho do Arismar, amo muito meu pai. Cresci ouvindo ele tocar baixo e me influenciei muito pela concepção musical que ele atingiu no instrumento. Algumas pessoas me comparam com meu pai, eu dou risada e deixo para elas as opiniões e comparações. Sobre a técnica eu sempre digo que estou tentando entender o que ele faz no baixo! Curto muito a parte percussiva, harmônica e melódica dele, aprendi muita coisa, mas admito que tenho dificuldade para executá-las com a naturalidade que ele toca!


- Alguma vez chegou a pesar o fato de ser filho de um ícone e estar seguindo no mesmo ramo?
Sim, passei por uma fase complicada no começo da minha carreira.No começo eu ficava chateado com as comparações. imagine só, um adolescente com 15 anos de idade ouvindo piadinhas de um bando de marmanjos e questionando a minha capacidade. Tive que manter a cabeça fria e os pés no chão, pois eu sabia que o caminho seria longo para atingir o nível do meu pai. Continuei estudando, praticando e evoluindo.

- Quais as suas maiores influencias musicais?
Arismar do Espirito Santo, Jaco Pastorius, Gary Willys, Hermeto Paschoal, Oscar Peterson, Weather Report, Joe Pass, Michel Petruccianni, Johnny Griffin e muitos outros.

- Na recente passagem pelo Brasil, de grandes feras americanas de grande prestígio internacional como Jim Stinnett, Todd Johnson e Dom Moio, os mesmo deixaram claro a grande admiração que tem por você, chegando a afirmar pra mim que em dois ou três anos o mundo inteiro te conheceria e você seria o número um. O que você acha desta declaração?
Fico lisonjeado com tamanho elogio, mas meu foco está na música que toco. Acredito que a cada trabalho que concretizo eu aprendo mais e evoluo como ser humano e como músico. O mais importante na minha carreira é a formação do meu público, manter contato com quem curte o que eu faço e trazer novidades para eles.



- Você costuma fazer apresentações instrumentais e gravações nos Estados Unidos. O objetivo do Thiago é massificar o trabalho lá fora e acabar se juntando a outros brasileiros que foram pra lá trabalhar e morar, tais como Ebinho Cardoso e Sérgio Groove?
Não tenho a intenção de morar nos EUA atualmente. Estou numa fase muito boa aqui no Brasil e pretendo aproveitá-la ao máximo. Eu trabalho para tocar em muitos lugares, inclusive os EUA. Meu objetivo é levar a música que toco para todos o planeta, independente da cidade que eu more.

- Sobre equipamentos, qual o seu setup atual quando o assunto é gravação em estúdio e apresentações ao vivo?
Atualmente uso o mesmo setup em estúdio e ao vivo. Tenho um amplificador Aguilar Tone Hammer 500, 2 caixas SL 122 (Aguilar), Delay line 6 e o reverb da TC electronics.
Os baixos variam de acordo com o show ou faixa a ser gravada, mas basicamente uso os meus baixos Thiago Espirito Santo signature feitos pelo N. Zaganin.


- Você costuma se apresentar nos festivais de baixo promovidos pelo Pixinga. Fale um pouco sobre essa experiência de rodar o Brasil junto de tantos grandes instrumentistas.
É uma honra ser amigo do Pixinga e poder conviver com ele nesses festivais pelo Brasil.
O festival tem um papel que vai além da música, ele reúne e fortalece a classe dos baixistas. Nas viagens tive o prazer de conhecer o trabalho de baixistas de outras cidades, conhecê-los como seres humanos e criar uma amizade com eles. Isso não tem preço e o Pixinga é quem cria essa oportunidade para todos nós!

- O Brasil é um País com grandes talentos no baixo. Tem algum ou alguns que estejam te chamando a atenção no momento?
Sim, sem dúvida. O Pipoquinha e o Gabriel Couto são a nova geração, ambos com muita musicalidade e pouca idade. Fora esses dois prodígios tem muita gente boa por aí em todo o país.

- Recentemente você tornou-se membro da grande banda, Teatro Mágico. Como é esta experiência e principalmente a transição de um artista solo/instrumental como você para um cenário totalmente diferente como o Main Stream?
Fui muito bem recebido pela equipe e minha adaptação ao trabalho foi rápida. No TM eu tenho uma performance completamente diferente da minha carreira solo. Uso figurino, maquiagem, baixo com trastes, sistema sem fio, canto, pulo, faço coreografias e corro o palco todo durante todo o show. É muito bom tocar com eles! O Público é maravilhoso, conhece e respeita o trabalho, cantam as letras e se identificam com a música. É muito bom fazer parte de uma banda como O Teatro Mágico.


- Sabemos que mesmo com o Teatro Mágico, você não largou seus demais projetos. Como lidar e administrar essa agenda cheia, dividindo atenção entre a banda, projetos instrumentais e os demais gigs?
A minha produção tem uma comunicação muito boa com o escritório do TM e estamos sempre em contato referente ao agendamento dos compromissos. Isso faz com que eu consiga administrar bem a minha agenda e consiga realizar o meu trabalho paralelamente ao do TM.

- Ainda dá tempo de praticar o instrumento e estudar música?
Sim! Mesmo viajando eu levo meu violão, ou um amp com fones e fico tocando. Escuto música durante as viajens e quando estou em casa fico praticando, dou aulas, componho. Enfim, não tem desculpa, quem gosta de estudar e tocar aprende a organizar o tempo para poder evoluir.


- Você acha que caras como você e até mesmo o próprio PJ (Jota Quest) envolvidos com bandas pop e do main stream, vão dando outra cara ao estilo até mesmo mais respeito, quebrando aquela concepção (errada, diga-se de passagem) que músico técnico deve limitar sua atuação à estilos como o Jazz e afins?
Infelizmente os músicos tem um sério problema de ego. Muitos músicos bons não se "sujeitariam" a tocar determinado estilo. Não existe música ruim, existe música mal tocada. Cabe a nós músicos tocarmos as músicas da melhor maneira possível, independente do estilo, para que o público possa ter acesso a música de qualidade. A mudança está em nossas mãos, basta tocar direito.



- Quais os planos para sua carreira em 2012?
Estou em turnê com o Teatro Mágico, vamos gravar um DVD no segundo semestre. Também pretendo gravar mais um cd, será o meu quinto cd e além disso continuo realizando workshops, participando de festivais, lecionando..O tempo que sobra aproveito para curtir a minha família!

- Onde podemos entrar em contato direto com seu trabalho?
através do meu site www.thiagoespiritosanto.com.br

- Qual dica você daria para os baixistas que um dia sonham em se tornar profissionais?
Essa profissão tem o poder de mudar a vida das pessoas. Lembre-se sempre do amor que você sente pela música e se prepare para tocar bem. Aprenda a tocar praticando, não se esconda atrás das regras e teorias que são ditas por aí. O que realmente importa é o som que você é capaz de produzir e se for bem feito sempre haverá alguém para te aplaudir. Seja humilde, ajude o próximo, não tenha medo de dizer que não sabe algo. Pense positivo, acredite que você é capaz de tocar. Estude a música que está dentro da sua cabeça, exteriorize esse som para que todos nós possamos escutar a sua música. Prestigie seus colegas, incentive quem está começando, não tenha inveja dos outros, passe seu conhecimento adiante. A evolução só vem para quem está pronto para evoluir. 


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