terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Baixo - Conhecimento versus Intuição









Por Ariel Andrade


As discussões acerca deste tema são inúmeras e vem de longa data. Afinal o que realmente vem  a funcionar no cenário mundial do contrabaixo? é melhor sentar no seu quarto e praticar durante 8 horas ou ir aprendendo e assimilando a medida que os gigs vão aparecendo? - Bom, esta é uma dúvida que paira sobre nossas cabeças e creio que ainda nos perturbará por muitos anos, talvez nunca venha a ser resolvida. Isto Acontece, pois sempre aparece um grande nome no baixo mundial que tem o seu trabalho baseado no conhecimento e outro grande baixista que tem sua música baseada apenas na intuição e que nunca sentou e estudou de verdade.


O que faremos hoje será apenas destacar as três correntes majoritárias de entendimentos que rodam o mundo e travam batalhas acerca desse assunto. A primeira é aquela que defende que o músico deve passar por um período de estudos intensos, vindo a cursar escolas, faculdades etc. para que possa ter plenas condições de exercer a profissão e ser respeitado como tal. Levando o "dom" um pouco para o segundo plano, e exaltando o estudo formal que  acaba por projetar na cabeça do músico que ele deve estudar teoria + técnica por horas com afinco se quiser ser um verdadeiro Músico. Os baixistas que representam esta corrente tendem a ser os músicos eruditos ou com raízes no jazz clássico que desde pequeno se encontram em conservatórios em busca deste conhecimento.


Porém, como se explicaria grandes nomes do contrabaixo mundial, verdadeiras lendas como Victor L. Wooten e Paul Mccartney que não vieram de um conservatório e de uma faculdade e se transformaram em ícones de seu instrumento? - Eis que surge a segunda corrente majoritária.


A segunda corrente é aquela que defende a intuição do músico, a sua própria natureza; indivíduos que já nascem com o dom e com o passar do tempo vão o desenvolvendo através das mais diversas experiências por que passam e também pelas necessidades que suas gigs lhes impõe. Este desenvolvimento é tão grande que acaba colocando estes indivíduos naturalmente em uma posição de destaque e de reconhecimento no ambiente musical local, regional e até mundial.
Em muitos casos estes músicos acabam por desenvolver um jeito próprio de estudo e prática, que em seguida é adotado pelas instituições de ensino que passam a propagar estas idéias como algo mais organizado e como objetivo para ser alcançado por seus alunos. Um grande exemplo é o trecho do dvd "Victor Wooten Bass Groove Workshop" colocado acima, que vem proporcionar um olhar único sobre a música e sobre como esta deve ser ensinada, eu diria que um divisor de águas no ensino do contrabaixo elétrico.


A terceira corrente majoritária vem a ser aquela que mescla as duas definidas acima. Define que o indivíduo pode sim nascer com tal dom porém sem o devido estudo, ele será limitado e também que muito do que por muitos é considerado como intuição pode vir a ser transformado em conceitos e aprendido pelos estudantes. Elementos como expressão, casamento do baixo e bateria e feeling (básicos para todos aqueles que buscam levar o contrabaixo como profissão) podem vir a ser desenvolvidos gradualmente com a devida orientação. Podendo, segundo esta corrente, transformar um aluno mediano porém aplicado em um grande músico acima da média. O grande baixista Zuzo Moussawer é um dos que deixa este conceito definido em sua video-aula "Fundamentos de Levadas e Solos".



Qual rumo tomar? Qual destas correntes você se identificou mais? - Isto é muito pessoal, o meu olhar sobre o assunto é de que em um mundo onde a informação é bombardeada por todos os lados ao estudante, é preciso filtrar algumas informações aliando a sua natureza, o seu feeling à dedicação aos estudos de diversos conceitos como tempo, espaço, listening, técnica e leitura; pois o mercado da música é um dos mais cobiçados e concorridos do planeta, então você não vai perder um trabalho em estúdio ou uma gig de última hora por não saber ler uma partitura.


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